Redes Sociais e Infância: Como os pais podem ser parceiros na vida digital dos filhos

Vivemos em um tempo em que as redes sociais estão cada vez mais presentes — inclusive na vida das crianças. Vídeos, jogos, influenciadores e conteúdos diversos chegam até os pequenos com rapidez e intensidade. Diante disso, muitos pais se sentem inseguros: Como proteger meu filho sem me afastar da realidade digital em que ele está inserido?

A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) nos convida a olhar para esse desafio com mais gentileza, consciência e alinhamento com aquilo que é importante para nós: nossos valores.

1. Reconhecer a realidade

Na ACT, aprendemos que tentar controlar rigidamente aquilo que não podemos mudar — como o avanço da tecnologia e a presença das redes sociais — pode gerar mais sofrimento. Ao invés disso, podemos aceitar essa realidade como parte do nosso contexto atual e nos perguntar: Dado que isso existe, como posso agir de forma alinhada com meus valores como mãe, pai ou cuidador?

2. Conexão antes do controle

Estar presente com atenção e curiosidade é mais eficaz do que agir por impulso ou medo. Antes de impor limites, que tal observar e escutar seu filho com real interesse pelo mundo digital dele?

🧠 Em vez de só perguntar “O que você está assistindo?”, experimente:
“O que você gosta nesse vídeo?”
“Como você se sente depois de passar tempo nas redes?”

Essas perguntas promovem vínculo e ajudam a criança e o adolescente a desenvolver consciência sobre suas experiências.

3. Educar com Valores, além de regras

Na ACT, o foco está em agir a partir de valores, e não de regras rígidas. Isso significa, por exemplo:

  • Se um dos seus valores é proteger, como você pode proteger com afeto e abertura, em vez de rigidez?
  • Se valoriza a autonomia, como pode oferecer liberdade com orientação?
  • Se prioriza vínculo, como pode transformar o uso das redes em uma experiência compartilhada, não solitária?

4. O que está nas minhas mãos?

Nem tudo está sob nosso controle — mas sempre há algo que podemos escolher fazer. Alguns exemplos de ações comprometidas:

✅ Estabelecer combinados claros e coerentes com a idade da criança
✅ Explorar juntos o que ela assiste ou joga, com abertura
✅ Conversar sobre segurança online e respeito aos outros
✅ Criar momentos offline que nutram o vínculo familiar

Essas atitudes não surgem da tentativa de “resolver tudo”, mas do compromisso com aquilo que importa: o bem-estar e o desenvolvimento saudável dos filhos.

desenho de crianças utilizando ferramentas digitais

5. Quando procurar o apoio profissional

Se perceber mudanças significativas no comportamento da criança — como isolamento, irritabilidade, queda no rendimento escolar ou dependência digital — pode ser um sinal de que algo precisa ser olhado com mais cuidado. A psicoterapia pode apoiar tanto a criança quanto a família nesse processo, sempre partindo da escuta e do acolhimento.

6. Cultivando presença no mundo digital

A ACT nos lembra que não precisamos esperar um cenário ideal para agir com consciência. Podemos cuidar dos nossos filhos mesmo em meio às incertezas da vida moderna, com presença, aceitação e escolhas baseadas em valores.

As redes sociais fazem parte do mundo em que vivemos. Ao invés de lutar contra isso, podemos caminhar juntos com nossas crianças, ajudando-as a crescer com mais clareza, equilíbrio e conexão — tanto no mundo virtual quanto no real.

Recentemente, falamos sobre adultização infantil e seus impactos, tema que ganhou destaque após a denúncia do influenciador Felca.

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