NR-1 - Implantação, engajamento e transformação. Saúde Mental no Trabalho!
Saúde mental no trabalho: um desafio que começou antes da pandemia
Lembro-me perfeitamente das minhas primeiras ações em saúde mental no trabalho, em 2018. O tabu e os constrangimentos em debater temas como depressão e ansiedade no ambiente corporativo ainda eram desfeitos com muita dedicação e coragem pelos profissionais de Recursos Humanos, que, também junto aos CEOs, pleiteavam por mais palestras e capacitações.
A resistência inicial e o papel dos líderes e do RH
Entretanto, antes mesmo da pandemia sequer ser cogitada nos anos seguintes, lá estava eu, debatendo prevenção em saúde mental e capacitando líderes para o manejo adequado e o acolhimento diante de urgências e crises em saúde mental no trabalho.
Assim, era uma tarefa árdua — e muitas vezes frustrante — ao ver o RH testemunhando o agravamento da saúde mental enquanto líderes e CEOs permaneciam resistentes em levar para suas companhias temas tão delicados quanto necessários.
A pandemia e o novo olhar sobre saúde mental no trabalho
Mas a pandemia chegou — e mudou tudo. A crise em saúde mental tornou-se grande o suficiente para deixar de ser tabu ou “coisa do outro”, aquela que acomete apenas o colega ou o vizinho. Então, o adoecimento psíquico virou o novo normal (me perdoe a expressão), e a realidade passou a impor às empresas a busca por conhecimento e capacitação.
Onde entra a NR-1 na saúde mental no trabalho?
E a NR-1? Onde ela entra neste texto quase poético? Sempre esteve presente, é verdade — mas raramente com foco no aspecto psicossocial. O olhar quase sempre recaía sobre o ergonômico. A cadeira é ergonômica? A iluminação é adequada? O ruído está dentro dos limites? Uma série de ações voltadas ao monitoramento da qualidade de vida do trabalhador em sua dimensão física, mas quase nunca em sua saúde mental.
Riscos psicossociais: assédio, relações tóxicas e outros fatores críticos
Afinal, como mensurar riscos e produzir estatísticas sobre adoecimentos psíquicos?
Também, é nesse cenário que a atualização da NR-1 ganha relevância, ao lançar luz sobre os riscos psicossociais no ambiente de trabalho, como:
- Assédios;
- Relações tóxicas;
- Falta de reconhecimento;
- Conflitos, entre outros.
Diagnóstico de Riscos Psicossociais (DRPS): o que é e para que serve?
Também não vejo essa atualização como uma medida punitiva às companhias, e sim como um convite à transformação das nossas relações com o trabalho — o que exige na prática, entre outras iniciativas, a elaboração do Diagnóstico de Riscos Psicossociais (DRPS).
Sendo assim, é por meio dele que será possível identificar, analisar e apontar a necessidade de ações e intervenções, sejam elas preventivas ou corretivas. E o mais importante: tais ações deverão ocorrer de forma contínua e contar com a devida certificação.
Certificação, continuidade e transformação das relações de trabalho
Pode até parecer burocrático demais, exigente demais e, com todo respeito, chato demais (como já ouvi por aí). Mas estamos tratando de décadas de pesquisas sobre saúde mental — e da realidade inegável de como o trabalho atravessa nossas vidas.
Desta forma, penso que há quem sinta alívio com a prorrogação das fiscalizações, mas as companhias que valorizam suas equipes seguem firmes rumo à regulamentação e à transformação da forma como se discute saúde mental no trabalho: de maneira prática, assertiva e, sobretudo, humanizada.